Entidades da construção civil posicionam-se sobre projeto de governo Temer
Foi aprovado ontem (12) o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, que foi afastada de seu cargo, agora ocupado pelo seu vice, Michel Temer. Entidades da construção civil brasileira comentaram sobre a provável agenda do Presidente Interino.
Sindicato da Construção de São Paulo (SindusCon-SP):
“O governo Temer começa com sinalização positiva, ao se propor a reequilibrar as contas públicas, sustentado por uma base governista majoritária no Congresso.
A redução do número de ministérios é louvável, mas precisa ser acompanhada por produtividade na gestão pública. A austeridade será um dos fatores decisivos para a redução dos juros e da inflação, condição necessária para a retomada do crescimento.
A construção civil deve ser um dos principais protagonistas desta retomada, devido ao potencial gerador de empregos e renda do setor. Para tanto, ela deve ser estimulada, e não ainda mais prejudicada pelas próximas medidas econômicas.
Para tanto, é salutar a intenção anunciada pelo governo de desburocratizar os processos de privatizações, concessões e parcerias público-privadas (PPPs). Mas para que elas se concretizem, será preciso instituir taxas de retorno atrativas, facilidades no acesso ao crédito mediante aceitação das receitas futuras como garantia, segurança jurídica dos contratos e estímulos à participação de médias e pequenas empresas.
Na habitação, é revigorante a decisão de manter o Programa Minha Casa, Minha Vida. Espera-se que nova orientação política no Ministério das Cidades fortaleça a política de erradicação do déficit habitacional com a participação decisiva de Estados, Municípios e da iniciativa privada.
Já a indústria imobiliária ainda tende a seguir demitindo nos próximos meses, devido aos juros altos e à escassez de crédito e de novos contratos. Quando se restabelecer o controle sobre as contas públicas e a confiança dos investidores for resgatada, num cenário de redução da inflação e de novas facilidades nos financiamentos habitacionais, rapidamente este segmento reagirá, voltando a empregar massivamente”.
- José Romeu Ferraz Neto, Presidente do SindusCon-SP
Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC):
“A construção civil é um investimento. O pressuposto de um investimento é confiança, estabilidade. O que nós esperamos é que o novo governo traga estabilidade ao país, que a situação acalme, pacifique, e que possamos voltar a trabalhar.”
Sobre o corte de Ministérios:
“Não basta só mexer em Ministério. Ministério só tem função simbólica, aquilo custa menos que, provavelmente, um terço de qualquer diretoria de estatal. Tem que ter efetividade com medidas e austeridade, que é diminuir o gasto público, ter maior eficiência no Estado, rever a previdência.”
Sobre o incentivo a privatizações e a Parcerias Público-Privadas (PPPs):
“A CBIC tem trabalhado muito em relação a concessão de PPP por três motivos: o primeiro, você readquire a capacidade da indústria. Em segundo, você evita o que a gente está vivendo hoje: no período de bonança o Estado incha. Quando diminui a atividade, ele não consegue desinchar, e aí a gente paga a conta e fica do jeito que nós estamos. E em terceiro, melhora a qualidade do serviço público. No hospital público, se te atenderem mal, você reclama por vício, porque não vai acontecer nada. Se você for aqui em um hospital concessionado, e ele receberia três vezes menos, se ele te atender mal, você reclama e cai na estatística dele, eles recebem menos na fatura. Então ele vai te atender bem. “
Sobre a diminuição de taxas:
“Taxa de juro é taxa de risco. Claro, se o Brasil diminui o risco, se a inflação diminui, a taxa de juros tem que cair naturalmente.”
Sobre o Programa Habitacional Minha Casa, Minha Vida:
“Sobre o Minha Casa Minha Vida, entendemos que, neste momento de dificuldades orçamentárias, temos de estimular a faixa 1,5, que é aquilo que faz o mix, e financiamento com mais subsídios. Mas não 100% de subsídios, como a faixa 1.”
- José Carlos Rodrigues Martins, Presidente da CBIC
Sindicato da Habitação do Estado de São Paulo (Secovi-SP):
“O Senado Federal atendeu às vozes das ruas. A exemplo da Câmara dos Deputados, aprovou a abertura do procedimento de impeachment de Dilma Rousseff, permitindo, desta forma, o início do processo de reconstrução nacional.
Em 12/5, Michel Temer, presidente em exercício da República do Brasil, assumiu a desafiadora missão de recolocar o País nos trilhos e organizar as bases do futuro.
O Secovi-SP, como representante do setor imobiliário no Estado de São Paulo, compromete-se a apoiar o novo governo federal, colaborando com estudos, propostas e subsídios técnicos indispensáveis à execução de uma política habitacional de Estado e ao bom desenvolvimento urbano.
Comprovam os fatos que o setor imobiliário, assim como o da construção civil, tem condições de oferecer rápida resposta a um dos mais graves problemas do momento: o desemprego.
Absorve intensa mão de obra e movimenta diversas outras atividades produtivas e de serviços. Sua sinergia é incomparável. Daí ser sempre lembrado em momentos de crise.
Diante disso, o Sindicato da Habitação acredita que o presidente Michel Temer dedicará especial atenção ao segmento imobiliário. Aliás, em seu primeiro pronunciamento, dia 12/5, ele assegurou a continuidade do Programa Minha Casa, Minha Vida, único instrumento de acesso à moradia digna por parte da população de menor renda, e demais iniciativas sociais, devendo aperfeiçoá-las e incrementá-las.
Tudo indica que o novo governo adotará as medidas necessárias para cortar gastos e diminuir o déficit público (a redução do número dos ministérios, de 32 para 23, é um bom sinal), sem elevar ou criar impostos ou mesmo lançar mão de outras soluções cansadas, cujos resultados são reconhecidamente inócuos.
Há que se encontrar formas inovadoras e eficazes de reacender a crença de empreendedores e investidores, do País e do exterior. Nessa linha, existem modelos que, aprimorados, podem atrair recursos, como as PPPs, apontadas por Michel Temer, que se adaptam perfeitamente à promoção de habitação e de infraestrutura.
Para o Secovi-SP, a sociedade esperou um bom tempo para voltar a ter esperança. Agora, quer resgatar a confiança.
No entender da instituição, é preciso trabalhar com o governo Temer. Estar ao lado dele e de sua equipe. Levar ideias, apontar correções de rumo e se fazer ouvir para garantir a volta do crescimento econômico, preservar as instituições e fortalecer a democracia.”
Fonte: Pini