Com projeção de crescimento em 2016, setor de franquias é ‘óásis’ na crise
O mercado brasileiro de franquias desconhece a crise econômica. Ou pelo menos sofre menos que outros setores da economia. Os números são um retrato desse “oásis” para quem quer ser dono do próprio negócio. A projeção da Associação Brasileira de Franquias (ABF) para 2017 é de um crescimento entre 9% e 10% na receita.
Para se ter uma ideia da façanha que esse crescimento representa para a economia nacional, basta lembrar que, após um período de recessão, o Banco Central vislumbra para o ano que vem uma retomada da economia com expansão de 1,3% do Produto Interno Bruto (PIB). Esse percentual, se confirmado, virá depois de um encolhimento sucessivo do PIB, que em 2016 deverá ficar em torno de 3,3%, conforme projeções do mercado e também do BC.
Remando contra a maré, o setor de franquias vem superando águas turbulentas da economia nacional com resultados positivos, apesar de ter deixado de crescer ano a ano na casa dos dois dígitos. O setor sentiu o baque do descompasso que atingiu a economia nacional com mais vigor a partir de 2014.
Dois anos atrás, o crescimento na receita foi de 11%. A partir de então, o faturamento veio diminuindo, mas nada que desanime quem está ou pretende entrar no mercado de franquias. Os números da ABF apontam que 2016 também será um ano positivo para os franqueados.
No terceiro trimestre deste ano, a ABF contabilizou um crescimento de 8,8% da receita, se comparado com o mesmo período de 2015, com o faturamento passando de R$ 35,6 bilhões para R$ 38,8 bilhões. Entre janeiro e setembro de 2016, o setor obteve um crescimento nominal de 7,9% em relação aos primeiros nove meses do ano passado.
Minas tem lugar de destaque
Os números também são expressivos em Minas Gerais. De acordo com a ABF, o último balanço feito revela que no primeiro semestre de 2016 houve um crescimento em 13,7% de novos negócios se comparado com igual período do ano passado, chegando a 12.480 pontos de venda.
O estado já e visto pela ABF como um dos mais promissores do setor de franquias. O mercado mineiro faturou cerca de R$ 5 bilhões no primeiro semestre deste ano. Esse total representa 7,2% do faturamento do mercado nacional de franquias no período, que foi R$ 68,8 bilhões.
Minas ocupa também lugar de destaque em número de empresas franqueadas. Ocupa o quarto lugar e o terceiro em número de franquias em operação. Nas primeiras colocações, em ambos os rankings, estão São Paulo e Rio de Janeiro, respectivamente.
Práticas compartilhadas
A diretora da ABF, Danyelle van Straten, é também dona do próprio negócio, a Depyl Action, uma franquia que está no mercado há 20 anos. Ela conta que o crescimento das franquias pode ser creditado a uma das características mais fortes do setor: “A maior inteligência está na força da rede, que é o compartilhamento das melhores práticas e a transformação disso em ação imediata”.
O próprio negócio de Danyelle é exemplo desse diagnóstico da empresária. A procura pelo público masculino por serviços de depilação em todo o país fez a Depyl Action incrementar os seus serviços para atender também a essa demanda.
No passado, conta Danyelle, mulheres das classes A e B, com idades entre 20 e 60 anos, eram os clientes dominantes da franquia que administra. “Estamos fazendo uma campanha nacional de marketing nas mídias tradicionais e nas redes sociais para esse novo público”, disse.
É preciso ter perfil
A analista do Sebrae/MG Alessandra Simões avalia que nem todo empreendedor tem perfil para ser um franqueado. Ela adianta que a primeira pergunta a ser feita para quem pretende ser um franqueado está relacionada a obedecer regras.
Ela destaca que um franqueado não tem tanta autonomia na gestão do próprio negócio. Isso significa dizer que não poderá, por exemplo, criar mix de produtos e design de loja. “É algo (ser franqueado) que não se encaixa para um empreendedor que não gosta de seguir regras e gosta de ousar. Nesse caso, a franquia não é pra ele.
Em compensação, frisa Alessandra, o risco de uma franquia naufragar é menor, mesmo diante de uma crise econômica. “A grande dificuldade do brasileiro na hora de abrir um negócio é não pesquisar, ele abre no achismo. Diante da crise, riscos na franquia são minimizados, porque têm informação e inteligência enraizada no negócio”, comenta a analista do Sebrae/MG.
Fonte: Estado de Minas