Drones levam mais tecnologia para o agronegócio e já substituem até trator
É do céu que agricultores passaram a cuidar da terra e a gerenciar plantações inteiras de cana-de-açúcar, soja, café e milho no agronegócio brasileiro. Produtores rurais lançaram mão da tecnologia por trás dos drones para monitorar o campo e até substituir máquinas agrícolas usadas em algumas etapas da lavoura. O investimento pode chegar a R$ 300 mil.
Um desses veículos aéreos não-tripulados (vant) começou a ser usado como pulverizador e é uma das estrelas na 23ª edição da Agrishow, feira de tecnologia agrícola realizada em Ribeirão Preto (SP) até sexta-feira (29). Com jatos em cada uma das quatro hélices, a engenhoca chinesa é aliada quando o assunto é agricultura de precisão.
“Ele foi pensado para aplicações localizadas. Vou direto no problema e vou solucionar de imediato”, diz a assistente de suporte técnico Joissy Andrade, da Eficiente Tecnologia, uma das empresas que está pela primeira vez na feira, levando esse tipo de tecnologia para o agricultor.
O drone – que inicialmente foi desenvolvido para atuar em guerras – agora pode salvar a lavoura, segundo o pesquisador Denizart Bolonhezi, da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios(Apta), do governo estadual, e que já começou a usar a tecnologia na safra de cana-de-açúcar deste ano.
“Se temos uma infestação de plantas daninhas no meio do ciclo da cana e não conseguimos entrar com o trator, o drone chega naquela área, faz a intervenção com produto químico e você evita que na safra seguinte o problema vá disseminar pela lavoura”, afirma o pesquisador.
Mais produtividade
A tecnologia nos ares proporciona aos fazendeiros aumento na produtividade e também pode reduzir os danos ao meio ambiente. “Ganha tempo, economiza recurso e é sustentável porque não queima diesel”, comenta Joissy sobre o drone pulverizador que funciona à bateria e com capacidade de 15 litros pode alcançar três hectares por hora.
Outro uso, este cada vez mais comum, é o uso do vant para monitorar as plantações e reduzir riscos ou impactos no campo, que podem causar prejuízo aos produtores. Entre os equipamentos, com preços que podem variar entre R$ 60 mil e R$ 300 mil, há tecnologia embarcada capaz de dar um diagnóstico completo da terra e do que foi plantado.
Equipados com sensores de temperatura e com câmeras em RGB ou infravermelho, os drones fazem mapeamento de áreas com autonomia de voo que pode chegar a 2 horas. Entre os serviços que o objeto voador pode fazer estão vigilância noturna para evitar roubo de madeira, levantamento de falhas de plantio e potenciais riscos ambientais.
Para quem já usa, a ferramenta é fundamental para tomar decisões estratégicas. “Identificadas falhas no canavial, em vez de destruir um canavial inteiro, você pode replantar aquelas falhas usando muda pré-brotada”, diz o pesquisador da Apta. Ao evitar uma reforma completa na plantação, o produtor tem uma economia de R$ 7 mil por hectare.
Economia e investimento
Além do dinheiro economizado, os agricultores também ganham tempo na coleta de dados. “Consigo mapear em um voo mil hectares, o que levaria 4 meses com três equipes no chão”, diz o cartógrafo Manoel Silva Neto, fundador da DronEng, empresa de Presidente Prudente (SP), que fabrica drones no Brasil para o uso na agricultura.
O produto, que lembra um morcego e foi batizado de Batmap começou a ser vendido em fevereiro e teve oito unidades vendidas para estados como Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, São Paulo e Pernambuco. O dono da empresa decidiu entrar no agronegócio baseado em projeções nos Estados Unidos sobre o uso de drones no setor.
“A agricultura vai representar 80% do mercado das vendas anuais nos Estados Unidos, então a gente imaginou que no Brasil, devido à agricultura com uma representatividade maior para a economia, além de possuir uma área maior”, diz Neto.
Fonte: G1