A surpreendente recuperação da venda de imóveis
Embora tardiamente, a recuperação da economia chegou com força ao mercado imobiliário de São Paulo, facilitando a redução de estoques pelas empresas do setor e estimulando novos empreendimentos. Depois de três anos de queda vertiginosa dos negócios com imóveis, os últimos dados do Sindicato da Habitação do Estado de São Paulo (Secovi-SP) dão conta de que as vendas na cidade de São Paulo atingiram 23.629 unidades em 2017, expansão de 46,1% em relação a 2016. Avanço ainda mais significativo, de um ano para outro, tiveram os lançamentos de novos projetos, que totalizaram 28.657 unidades, mais 48%, com um Valor Geral de Vendas (VGV) de R$ 13,8 bilhões, 29% mais do que em 2016.
Esses resultados surpreenderam até mesmo os empresários ligados ao setor, como disse o presidente do Secovi-SP, Flávio Amary. Animado pelo maior movimento dos últimos meses, o setor chegou a prever aumento modesto de 5% a 10% das vendas em 2017. Mas, em 2016, o mercado estava demasiado deprimido, com as vendas não tendo passado de 16 mil unidades. Também os lançamentos (17,6 mil) foram os mais baixos da série iniciada em 2004. Daí o excepcional aumento agora constatado.
O programa Minha Casa, Minha Vida deu uma contribuição substancial. Dados do Secovi indicam que o programa foi responsável por 10.343 lançamentos em 2017, representando 36% do total, bem mais que o dobro do ano anterior (4.154 lançamentos, com participação de 23%).
Falta muito, porém, para as vendas voltarem ao patamar de 2013 (33,3 mil unidades), bem como ao número de lançamentos naquele ano (34,2 mil). Mas as condições são favoráveis a um crescimento gradual. As empresas dizem que já sentem a percepção de melhora das condições econômicas pelos consumidores, e há razões para isso. Os preços no mercado estão estáveis e já se ouve em diferentes bairros de São Paulo o ruído de novas construções de edifícios de apartamentos, geralmente de unidades menores, os juros baixaram, a Caixa Econômica Federal não deixou de atuar nessa área e os bancos privados mostram mais interesse por esse mercado.
Não se pode deixar de notar que o novo alento ao mercado imobiliário tem efeito direto na maior contratação de trabalhadores pela construção civil, o que mais adiante deve refletir-se na taxa de desemprego.
Fonte: Estadão